Tout d'un coup, il m'est devenu indifférent de ne pas être moderne

20.7.09

Au Palais Royal

O Palais Royal teve o seu apogeu em finais do séc XIX. Quando os aliados entraram em Paris. O jardim transformou-se então no que havia de pior. Prostituição e casa de jogo. Ao que consta, se por ventura alguém atirasse uma maça de uma das janelas de um prédio, ela cairia invariavelmente em cima da cabeça de uma pessoa, tanta era a gente que por ali andava. Sujo, cheio de barracas, tipo bazares fazia-se negocio sim mas do pior.
Até à instalaçao da Bolsa. Negocio mudou, frequências começaram a mudar. Depois e com os banqueiros instalou-se ali gente que lia. Tempo abençoado como dizem alguns, época em que editora e livraria eram so um, o Jardim começou a ter outra aparência. Nasceram aqui muitas editoras que prometeram como a Stock, Garnier, Le Dentu.
À noite, debaixo das árcades, vivia-se mais da prostituição e do 421 que de prosas ou poemas. Nos cafés e restaurantes, como o Véfour, que se ainda hoje existe, e que se chama o Grand Véfour. Balzac era o que se chama um habitué, nao do Véfour, pois ali andava mais o Rostopchine, o homem que incendiou Moscou.
E em
cada café havia espadas à disposiçao dos clientes. Ao que parece certas noites elas nao chegavam para todos.

etc etc

No dia 31 Dezembro 1836 à meia-noite, começou o declinio do Jardin du Palais Royal. Hora e dia em que foi proibido continuar os tais jogos ditos de azar, que se fecharam por ordonancia todos os bazares e cafés...

Vazio, assim ficou, igual a ele mesmo até hoje...

O queria eu dizer com isto tudo, é que o Jardin tem uma força impressionnante, carregado que està de tanta coisa, extremamante carregado. Conheço-o hà anos, e a cada momento me parece diferente

Quantas às pessoas que ali viveram ou vivem, fica a historia para uma outra vez





©MariaDeMorais

.../...
Nuno Miguel Guedes a dit…

Nem de propósito. O Palais Royal também é um dos meus santuários quando me posso dar ao luxo de ser um flâneur em Paris. Para além de ser uma espécie de refúgio do quotidiano, belo e sereno, leva-me para as vidas de Cocteau e Colette, duias figuras extraordinárias e com vidas e obras também extraordinárias. Cocteau era vizinho de Colette - a romancista mais mal amada pelos franceses e no entanto adorada no mundo anglo-saxónico. Enquanto a antiga cortesã, que despertou mil paixões, se deixava ir para a morte paralisada pela artrose e apenas consumindo champanhe e ostras, observava da sua cama o ainda jovem Cocteau e com ele mantinha conversas. O Palais Royal está cheio de histórias da modernidade francesa, tanto quanto da História de França. E é belo, outra vez.
NMG
20 juillet 2009 14:59