Tout d'un coup, il m'est devenu indifférent de ne pas être moderne

18.10.10

Levantou-se ofegante. A cara corada, ainda com rasgos de prazer e de calor e apertou o soutien-gorge. Desceu a saia, enfiou a blusa. Passou rapidamente a mão pelo cabelo, e avançou na ponta dos pés para o alcançar. Ao passar em frente do altar benzeu-se, como de costume. E, como de costume, baixou os olhos, como se tivesse medo que alguém a reconhecesse. Não olhou. Nunca olhou. Ia e vinha, cabeça inclinada, olhos no chão. Encontravam-se numa das alas onde era raro ver alguém passar. De repente, como que assaltada por uma angústia perguntou: É pecado? Será pecado?


Já o sol, implacável, lhe batia na cara com tal força que mal conseguia abrir os olhos cegada pela luz, quando, lentamente, ele respondeu:
Pecado?...

Pecado é teres sempre passado o teu corpo rente ao Caravaggio e nunca teres olhado. Nenhum pressentimento ou sensação tiveste... Nem dúvida te atravessou o espírito.
Isso é que é pecado...





Chapelle Contarelli, Igreja Saint Louis des Français, Rome