Derrière leur volet en papier chaque jour enferme un secret, comme si tout était écrit à l'avance.
Adventus et MontBlanc, ne sont que mémoire, n'aiment que la mémoire et se rappeler de moi.
L'avait-elle deviné?
Tout d'un coup, il m'est devenu indifférent de ne pas être moderne
31.12.10
a dizer outra vez
se não me ensinares eu não aprendo
a dizer outra vez que há uma última vez
mesmo para as últimas vezes
últimas vezes em que se implora
últimas vezes em que se ama
em que se sabe e não se sabe em que se finge
uma última vez mesmo para as últimas vezes em que se diz
se não me amares eu não serei amado
se eu não te amar eu não amarei
palavras rançosas a revolver outra vez no coração
amor amor amor pancada da velha batedeira
pilando o soro inalterável
das palavras
aterrorizado outra vez
de não amar
de amar e não seres tu
de ser amado e não ser por ti
de saber e não saber e fingir
e fingir
eu e todos os outros que te hão-de amar
se te amarem
-
-
a não ser que te amem
Samuel Beckett
29.12.10
2011
Croire, en l'éternel retour ... les années se suivent et se ressemblent ... on fête la nouvelle année avec l'illusion que ce sera, pour une fois, différent
26.12.10
24 Fragments- Adventus
Ficaram durante uns dias. Uma semana talvez, ou mais. Não se lembra.
Até que finalmente resolveu levantar uma a uma, as vinte e quatro minimas tiras de papel que cobriam o dia 24 de Dezembro e onde se podia ler a encarnado vinte e quatro vezes a palavra Fragment.
Pensava que não poderia terminar assim. Em todas, tinha acertado. Para esta também. Mas fez violência e retirou tudo até aparecer as imagens recobertas de um garfo e de uma faca. De uma certa maneira teria que imaginar um futuro mais luminoso, pensava.
Não se lembra o que escolheu. Apenas sabe que hoje nem um fragmento existe. Nada. Tudo desapareceu naquela noite, onde, para ele, o indispensável era brilhar em sociedade.
Nao mereces o meu calendário,
25.12.10
Para Ti
Then I hate you again
There must be a few things a hot bath won’t cure, but I don’t know many of them.
Whenever I’m sad I’m going to die, or so nervous I can’t sleep,
or I’m in love with somebody I won’t be seeing for a week,
I slump down just so far and then I say
I’ll go take a hot bath... Sylvia Plath
22.12.10
Bastou-lhe deixar a estação de caminho de ferro, e caminhar perto do Tejo, para sentir o nevoeiro envolver-lhe os braços. Lentamente, emerge da bruma o cais das colunas e com ele a sensação de estar a alcançar aquilo que há já muito procurava.
Tinha viajado tantos anos, vivera tantos anos longe do seu pais, mas agora estava perto. Perto, sem no entanto saber definir exactamente oque realmente procurava.
Levantou-se e foi à janela. Os sonhos felizes são raros e difíceis de recordar. Na noite escura a praça estava vazia. Lisboa tinha adormecido ao som de musica e de risos, como era seu costume.
Estava no Hotel Bairro Alto . Sempre que vinha a Lisboa ficava aqui. No quarto 206. Apropriou-se dele como se fosse seu porque tinha vista. Escolheu este, como se outros quartos que tinha visitado não tivessem janelas. Todos olhavam para uma parte bem definida de Lisboa, e de todos podia-se ler o que a cidade lhes queria contar. Mas este tinha a vista ideal, pensava ela. E as paredes pintadas de vermelho. Ela gostava da cor. Pensava no sangue que corre nas veias. Como as ruas, que desaguam no rio, lhe faziam pensar em veias.
E foi assim desde que o Hotel abriu as portas. Gostava de ali ficar porque para além do mais, havia a Praça. E na praça estava Ele. Neste quarto, de paredes vermelhas, a olhar para Ele, tomava consciência que tinha um passado. A estatua estava ali para a lembrar.
Pegou no Moleskine que trazia sempre consigo e escreveu.
49.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Afinal nunca se esquecera.
Tinha viajado tantos anos, vivera tantos anos longe do seu pais, mas agora estava perto. Perto, sem no entanto saber definir exactamente oque realmente procurava.
Levantou-se e foi à janela. Os sonhos felizes são raros e difíceis de recordar. Na noite escura a praça estava vazia. Lisboa tinha adormecido ao som de musica e de risos, como era seu costume.
Estava no Hotel Bairro Alto . Sempre que vinha a Lisboa ficava aqui. No quarto 206. Apropriou-se dele como se fosse seu porque tinha vista. Escolheu este, como se outros quartos que tinha visitado não tivessem janelas. Todos olhavam para uma parte bem definida de Lisboa, e de todos podia-se ler o que a cidade lhes queria contar. Mas este tinha a vista ideal, pensava ela. E as paredes pintadas de vermelho. Ela gostava da cor. Pensava no sangue que corre nas veias. Como as ruas, que desaguam no rio, lhe faziam pensar em veias.
E foi assim desde que o Hotel abriu as portas. Gostava de ali ficar porque para além do mais, havia a Praça. E na praça estava Ele. Neste quarto, de paredes vermelhas, a olhar para Ele, tomava consciência que tinha um passado. A estatua estava ali para a lembrar.
Pegou no Moleskine que trazia sempre consigo e escreveu.
49.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Afinal nunca se esquecera.
21.12.10
16.12.10
15.12.10
polemics are a parasitic figure on discussion and an obstacle to the search for the truth.
In the serious play of questions and answers, in the work of reciprocal elucidation, the rights of each person are in some sense immanent in the discussion.
The polemicist , on the other hand, proceeds encased in privileges that he possesses in advance and will never agree to question. On principle, he possesses rights authorizing him to wage war and making that struggle a just undertaking; the person he confronts is not a partner in search for the truth but an adversary, an enemy who is wrong, who is armful, and whose very existence constitutes a threat. For him, then the game consists not of recognizing this person as a subject having the right to speak but of abolishing him as interlocutor, from any possible dialogue; and his final objective will be not to come as close as possible to a difficult truth but to bring about the triumph of the just cause he has been manifestly upholding from the beginning. The polemicist relies on a legitimacy that his adversary is by definition denied.
As in judiciary practice, polemics allows for no possibility of an equal discussion: it examines a case; it isn’t dealing with an interlocutor, it is processing a suspect; it collects the proofs of his guilt, designates the infraction he has committed, and pronounces the verdict and sentences him.
How can I not agree with Michel Foucault?
The polemicist , on the other hand, proceeds encased in privileges that he possesses in advance and will never agree to question. On principle, he possesses rights authorizing him to wage war and making that struggle a just undertaking; the person he confronts is not a partner in search for the truth but an adversary, an enemy who is wrong, who is armful, and whose very existence constitutes a threat. For him, then the game consists not of recognizing this person as a subject having the right to speak but of abolishing him as interlocutor, from any possible dialogue; and his final objective will be not to come as close as possible to a difficult truth but to bring about the triumph of the just cause he has been manifestly upholding from the beginning. The polemicist relies on a legitimacy that his adversary is by definition denied.
As in judiciary practice, polemics allows for no possibility of an equal discussion: it examines a case; it isn’t dealing with an interlocutor, it is processing a suspect; it collects the proofs of his guilt, designates the infraction he has committed, and pronounces the verdict and sentences him.
How can I not agree with Michel Foucault?
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